23 dezembro 2007

Mudanças


Seu Jorge, em entrevista à Sábado:
(citando Gandhi): "A gente tem que ser a transformação que queremos ver no mundo." (acrescenta) Então é para agora, a
ALEGRIA É PARA AGORA!

E tenho encontrado um absolutamente (ines)perado e enorme optimismo nas coisas todas que têm corrido da forma que eu não queria.

“Já viste?”, ouvi-lhe, “vais trabalhar 1 ano no Largo Riso Terra! Não é giro?”

18 dezembro 2007

Lions for lambs



Robert Redford e Meryl Streep juntos, novamente, no mesmo filme pareceu-me razão suficiente para ir ver.
Inteligente e provocador. Duas palavras que escolheram para este filme e parecem-me óptimas.

O exacto e angustiante momento em que somos obrigados a escolher fazer o que achamos certo OU o que é suposto / aceite / confortável / dado como inevitável.
Veio em boa altura.

17 dezembro 2007

Natal

Uma mulher pequena, bem vestida, bem penteada. Uma mulher que veste caro. Mas pequena, com ar frágil. Encostada ao balcão. Mesmo de costas para mim notei-lhe o ar estafado. Quase desespero. Espreitei-lhe por cima do ombro. Escrevia. Em minúsculas letras. Não fosse lá ter encontrado o meu nome (um igual ao meu) e não olharia de novo. Mas resolvi contar. Eram mais de 60 nomes. Uma lista de 60 pessoas a quem dar prendas e ela anotava o que comprara para cada uma.

Entendi-lhe o cansaço.



Orgulhei-me da minha única prenda, também em cima do balcão. A única prenda que tenho de dar este ano.
Orgulhei-me das minhas 2 famílias terem escolhido, há muitos anos, a distribuição de prendas por amigo secreto. Cada um só tem de escolher uma prenda. E o objectivo? É escolher com calma e com cuidado. Apenas para aquela pessoa. E depois, junta-se tudo num enorme cesto com as respectivas etiquetas. E cada prenda é retirada na sua vez. Cantamos uma música só para essa pessoa enquanto ela abre o seu presente. E depois olha-se com atenção para cada prenda, fazem-se comentários, ri-se, comove-se, experimenta-se. As prendas são simples e baratas. E como é sempre muita gente, o Natal prolonga-se pela noite (no outro lado pela tarde), sem pressa.
Orgulhei-me de uma das minhas famílias ter decidido que, este ano, não há mesmo prendas, a excepção serão as crianças.
E assim, olho para a única prenda que tive de escolher. Para uma pessoa muito fácil de contentar. Mas procurei muito, pensei muito, queria que fosse mesmo para ela. Ela nesta altura, com o que conversámos este ano, com o que lhe descobri e com o que lhe quero dizer.
Olho para a única prenda e penso, já te comprei mas estás ainda toda por fazer.

(o difícil é disfarçar que fui eu que ofereci. Bem me esforço mas por vezes lá sou apanhada por um sorriso num olhar mais cúmplice que parece dizer "foste tu de certeza")

14 dezembro 2007

Rossellini I


Rossellini, não queria ficar preso a um guião.
Andava à procura de algo que apenas conseguiria alcançar
mantendo-se aberto a todas as possibilidades.


Disse Scorsese. Pareceu-me bem nesta altura.

09 dezembro 2007

"Branco, você é muito bonito. Um dia vou casar com você!"


O que eu vi primeiro foi uma fotografia (diferente desta, e mais parecida com as nossas): JALÉ. Conheci.
Depois, partes desta frase, que surgiam, aos poucos, em letras grandes, até formar a frase como havia sido dita: “Branco, você é muito bonito. Um dia vou casar com você!”
E vozes semelhantes logo surgiram. Lembrei.
Entrei no texto. E reconheci. Mais fotografias onde nós também estivemos.
Duas partes encontraram lugar cá dentro:

“O que os santomenses são hoje é livres? Sim, dado que não há branco esclavagista à vista. Mas já não é tão seguro se falarmos de perspectivas de futuro, de escola, de bizenisse, de direito a uma vida cheia: cheia de aventura, cheia de ventura, com passaportes carimbados por todos os paraísos, com frigoríficos bem cheios de cerveja fresca, pronta a beber, e um armário bem dotado de sapatos.”

“E dentro de cada santomense (…) o quotidiano é um sorriso tão doce quão matreiro. O santomense é um poeta, para além de um pescador e, bem, não sei bem como dizer (mas vou ter de o dizer): um dorminhoco. A preguiça em São Tomé é uma arte. E eu sou o primeiro a concordar: só do sábio lazer nasce o prazenteiro saber.”



No final, já para referência, vi o autor: Rui Zink (não esperava)
Tremi com a data, Setembro de 2006. Foi quando nos foi difícil deixar S. Tomé. Mais difícil ainda: chegar aqui.

citações do texto “A Lenda de S. Tomé”, de Rui Zink; com fotografias de Pascal Aimar; na revista Egoísta, Setembro 2006

07 dezembro 2007

Teimosia


Há dias em que tomamos, quase sem querer, uma decisão.
Ainda estamos meio a acordar.
Não se está muito convicto dela.
Olha... enfim, pode ser. Porque não?
Mas depois contrariam-nos tanto, complica-se tanto, e tudo se precipita perigosamente para falhar.
E à medida que tudo boicota, que tudo corre mal, a decisão vai-se tornando mais forte. Até que chega a ser uma verdadeira DECISÃO.
Descobrimos que queremos mesmo (ou não reconhecemos que é um caso de mera teimosia) e "vou conseguir" é dito com uma certa fúria.
E chegamos lá!

06 dezembro 2007

Home Cinema IV


Sonhar com Xangai
Wang Xiaoshuai

Passei o filme todo com vontade de dar colo às personagens.
E cada imagem é uma fotografia em que dá vontade de entrar.
Muito bonito.

E tem uma HILARIANTE cena de disco dance. Com esta música:

Home Cinema III






















O Bater do Tambor
David Hickson

Não sei o que me comove neste filme.
Se é África.
Se são os olhos de Musa.
Se é a amizade que faz com Nobe.
Se é a aldeia. Se é Joanesburgo.
Se é a presença esmagadora da SIDA.
Não sei. Mas comoveu-me.

Home Cinema II



A minha viagem a Itália
documentário de Martin Scorsese

Scorsese leva-nos, com muita calma por:

Roma cidade aberta; Libertação; Ladrões de Bicicletas; Viagem a Itália; Alemanha, ano zero; Europa 51; Umbero D, Os Inúteis, La Dolce Vita, 8 1/2, ... (e dezenas de outros filmes da história do cinema Italiano)

Rossellini, De Sica, Visconti, Antonioni, Fellini, ...

Eu sei lá... tanta, tanta coisa em 2 DVD's muito repletos de bom cinema, de coisas para aprender. Levados por alguém que sabe explicar. Nunca tinha ouvido o Martin Scorsese falar, mas gostei tanto!
(parece-me que voltarei aqui em breve)

Home Cinema I














Kill Bill I
Quentin Tarantino

A história não é original.
Mas Tarantino, como ele próprio explica, procura momentos inesquecíveis de perfeita ligação entre as cenas e a música. E consegue, comigo consegue.

01 dezembro 2007

music education equals brain power






















"Num momento em que o modelo do ensino artístico da música está a ser debatido em Portugal, a pianista Gabriela Canavilhas, directora da Orquestra Metropolitana de Lisboa, e Joana Carneiro, a maestrina que foi contratada pela Filarmónica de Los Angeles e é agora o maestro convidado da Orquestra Gulbenkian, falam-nos do que traz de único à formação de um ser humano a formação musical, debatem sobre o tipo de contrato que devem ter os músicos de uma orquestra e contam-nos como é impor a sua autoridade a dezenas de artistas habituados a serem comandados por homens."

in http://camaraclara.rtp.pt/

E Joana Carneiro respondeu assim à pergunta de Paula Moura Pinheiro "O que é que a formação musical tem de singular?"
- Nos EUA, há alguns anos, fez-se uma investigação que incluía o estudo da música. Depois inventaram um programa cujo o slogan era: music education equals brain power. E para mim é isto. Descobriram que os estudantes que tinham música no seu curriculum, em geral, tinham melhores notas a matemática, tinham comportamentos sociais mais adequados. Porque realmente a música, para além da linguagem que é única (...) a música une, a música implica racioncínio, memória, comportamento, convergência, lutar por um bem comum.

E eu gostei tanto do programa, e tanto desta parte que aqui fica.
Para ver o programa com estas 3 grandes mulheres vejam a entrevista exactamente AQUI
(num sábado de chuva parece-me muito boa companhia)

Apontamento I


Há pessoas que estão sempre com a preocupação de estar a incomodar. Então, para não incomodar, preferem fazer as coisas sozinhas. Preferem ter as suas próprias coisas para não usar as dos outros, ou bem separadas para não atrapalhar as restantes. Quando ficam de visita dividem o frigorífico, levam lençóis e toalhas e tudo… não pedem o que precisam. Tudo para não incomodar.

O resultado?
O resultado é que depois toda a gente se constrange é de tocar sequer no que é dessas pessoas, porque têm tudo tão separado que é melhor respeitar… não se vão elas chatear!

Os amigos que frequentam a minha casa sabem que gosto que se sintam à vontade para abrir o frigorífico e se servirem. Abrirem os armários à procura do que precisam. E gosto de ter uma sopa para lhes dar. Gosto de os ver à espera, sentados. Faz-me impressão quem não se deixa ser recebido.