30 junho 2008

IM - Magazine: notícias

.
“Temos de encontrar um caminho, ou fazer um.”

Albert Einstein

IM Magazine continua a navegar pelo mundo, inspirando-se, para inspirar os seus leitores.
Vale agora a pena “navegar” para o Brasil e ler:


Sobre um projecto que revela um novo olhar sobre as favelas do Rio de Janeiro. (IM – Ideias em Movimento)
OLHARES DO MORRO

Sobre o trabalho da ANDI. Uma agência que está a mudar o jornalismo no Brasil. (IM – Inteligente Media)
A MUDAR O JORNALISMO

Sobre a Arte da Transformação, que Milla Petrillo tão bem documentou, revelando como a estética combate a exclusão de crianças e jovens no Brasil. (IM – Impulsionadores da Mudança)
MILLA PETRILLO



A IM Magazine, com pouco mais de um mês, já chegou a 84 países.

17 junho 2008

O ponto.






















Antes do ponto eu cumpria as obrigações. Feito o trabalho no hospital, ia embora.
E saía cedo e os dias eram grandes e não era dificuldade nenhuma encontrar o que fazer.
Depois chegou o ponto.
E as 42 horas de trabalho semanais têm de ser rigorosamente cumpridas.

E as queixas são muitas. Estou farta dessas queixas que se refastelam na cadeira mais confortável e maldizem a vida constantemente… ininterruptamente… infinitamente... sobretudo improdutivamente!

Olho para elas e penso, eu resolvi assumir que tenho de cumprir o horário, concordo com o princípio (o método sei que é discutível). E se o trabalho na enfermaria está feito e as consultas externas terminadas… escolho continuar a trabalhar! Estudo os artigos que me mandaram, preparo as apresentações que tenho de fazer, ajudo a minha colega a fazer as dela, examino alguma criança internada sobre a qual tive algumas dúvidas, converso com os pais quando a ansiedade deles já é menor, converso com a enfermeira sobre os casos que ela ali já viu e viveu.

Sendo que assim trago menos trabalho para casa e os trabalhos estão sempre mais em dia e mais bem feitos, posso dizer que comigo o ponto resulta.
E calem-se as queixas por favor!

15 junho 2008

o mundo ao contrário






















I TEMPO
No autocarro, uma cara que conheço de vista. Deve ser daquele mesmo autocarro que a conheço:
- Ai eu fui lá com o meu marido, mas que horror!!! Tudo fechado, as lojas todas fechadas, até fazia medo andar lá dentro!
[devia estar a referir-se a algum desses pequenos centros comerciais que vão fechando, loja a loja, à conta dos grandes shoppings.]

- Pois, mas uma pessoa precisa daquilo. Uma pessoa vai e pronto, compra “uma coisa” e fica logo aliviada!

Eu ri-me de mim para mim. Eu já sei que aquele “fica logo aliviada” é mesmo verdade, embora eu não sinta assim. Mas porquê?


II TEMPO
- Sabes, ele dizia que os portugueses gostam muito de ter coisas. Muitas coisas, que vão enchendo as casas.
- Tralha? [e ele pareceu ficar muito contente por eu acertar na palavra que de repente não lhe ocorreu].
- SIM. Fomos dos que mais compramos vídeos, tv’s, telemóveis, etc. E tudo isso se transforma em lixo. É um consumo vazio porque nada te liga às coisas senão a vontade de as ter naquela altura, logo.

Lixo Lixo Lixo Vazio Vazio Vazio


III TEMPO
Ele (outro ele) disse: Traz aí isso. E apontou para a "Dica da Semana". Eu resmunguei que nunca tenho vontade de ver tal coisa. Ele folheou. Pareceu desiludido e disse “não preciso de nada disto!”. Eu estive quase para dizer mazinha “É suposto saberes o que precisas e não procurares coisas que possas precisar na publicidade”. Mas não disse, sabia o comentário injusto com ele.

10 junho 2008

in the mood for love


a Marmita de Maggie Cheung... transporta-a como se dançasse.
e tenho uma simpatia inexplicável por marmitas.


as cores das casas, os vestidos de Maggie Cheung.
as sombras num edifício na rua.
não sei se alguém mais filma as cores, as sombras e os vestidos como Wong Kar Wai.


a música, o fumo, os postais numa parede (e dá vontade de entrar no ecrã e vê-los um por um). a chuva num candeeiro.


os slow movement. fica-se vidrado naquele movimento, naquele andar, naquele descer das escadas.


o jeito com que se olham e mal se tocam.
imperceptivelmente ligados.

E os papeis de embrulho, acho que não esquecerei os papeis de embrulho. Prendas que nunca sabemos o que eram, mas com os papeis mais bonitos (que importa o que tem lá dentro se há aquele papel, se há aquela mão que o segura?)

disponível para amar,
realizador: Wong Kar Wai

09 junho 2008

all i need

Vídeo de All I Need (Radiohead), realizado por John Seale ("O Paciente Inglês"), para a campanha MTV EXIT, parceria ente MTV e a USAID, contra o tráfego humano e a exploração infantil.



O Mário descobriu no Público.
Eu descobri com o Mário.

As milhares de vezes que eu ouvi esta música enquanto estudei no ano passado...
Muito a propósito do que andei a pesquisar hoje.

08 junho 2008

Nervos



FICO NERVOSA CADA VEZ QUE ME DIZEM BEM DO SANTANA FLOPES.
Quando ele foi eleito presidente da Câmara da Figueira-da-Foz eu lancei-me ao ar - Como é que alguém leva este homem a sério???

Imagine-se como fui reagindo a presidente da Câmara de Lisboa e primeiro ministro...

SEI QUE MUITOS O DIZEM NAQUELE TOM DE DESPEITO PELO QUE FAZ, MAS QUE ELOGIAM O "ANIMAL POLÍTICO", O "SABE-
-SE MOVER COMO NINGUÉM NA POLÍTICA"
Mas só me dá vontade de dizer, como querem que o admire por ele se mexer bem NESSE tipo de política cheia de oportunismo, vedetismo, populismo rasca, e quantos outros ismos?
[que seja claro que não deixo de ser atenta e participativa. Não deixo de acreditar na política]

"E VISTE COMO ELE ESTEVE BEM NAQUELA HISTÓRIA DO MOURINHO NA SIC?"
Ele tinha razão. Mas até para se poder tomar aquele tipo de atitudes é preciso ter coerência!! Quantas vezes o espaço público nacional já foi preenchido com namoros, gravatas, férias e comentários tristes deste sr?

Como diz o Miguel, comentando o Santana nesta fotografia: "Quando não se está no palco, a democracia é um enfado."

Boas lembranças



(Re)lembrei hoje este video! E é genial, e vale bem ver até ao fim!

05 junho 2008

Melindre


















Não gosto desta palavra. Talvez por conhecer demasiado bem a sensação. Horrorosa sensação.

Melindro-me…
Melindro-me quando ralham comigo. Sempre. A voz dura dá-me vontade de chorar. Olho nos olhos da pessoa, seguro-me, digo que sim. Melindro-me ainda que eu saiba que não tem razão nenhuma (e talvez ela se vá aperceber depois), ainda que saiba que só fala assim comigo porque o dia lhe corre mal, porque está furiosa com outras coisas. Mas melindro-me. Seguro-me.

Melindro-me…
Melindro-me quando as pessoas que admiro começam a dizer mal da vida, do trabalho, dos colegas… quando lhes vejo a desesperança, o desânimo. Apetece-me dizer… “Não, não, não, não a Dra V.!!” Apetece-me segurá-los, abaná-los, dizer “Eu sei que é possível não cair nisso, está a ouvir?? Eu conheço quem tenha sido capaz de escapar.”

Melindro-me...
Melindro-me quando sou desastrada no exacto momento em que acreditei que não o iria ser.

Melindro-me...
Melindro-me quando me dizem que sou misteriosa. Não gosto e não entendo. [ao segundo ano consecutivo de tal óscar, dado pelas directoras do campo de Mocamfe, disse triste "não tenho mesmo nada essa ideia de mim"]


São melhores os dias em que não há este peso. São melhores os dias em que o mau humor, a crítica e o desastre inspiram a gargalhada. São bem melhores os dias em que os Caturrinhas (participantes de 13-14 anos dos campos do Mocamfe) me escolhem o óscar "a mais brilhozinho nos olhos" explicando que é por me rir enquanto falo.


fotografia de Diane Arbus