25 agosto 2008

Aquele Querido Mês de Agosto











Passa-se em Coja!
o realizador: Miguel Gomes



"Tudo se encontra e se reencontra, tudo flui e se enleia, até formar uma unidade que se torna impossível (e se não impossível, inútil) desenlaçar."

Luís Miguel Oliveira, escreveu assim no Cinecartaz.



Eu, a meio do filme, pensava...

- Um filme perfeito para quem gosta de histórias simples (como eu gosto, como é talvez a parte mais bonita da minha profissão... apreciar a forma como se contam, como se explicam, como se vivem as histórias individuais).

- Um filme magnífico para quem gosta de ter tempo de olhar para cada um dos planos, ver de onde vem a luz, sorrir com a originalidade do objecto escolhido, das posições encontradas, dos diálogos curtos.

[também confesso que perdi alguma paciência mais para o fim. sei porquê. mas se a primeira cena é fabulosa, o último diálogo é mesmo inspirador!]

18 agosto 2008

Wall-E - apanhado V


De: Andrew Stanton

Mais uma vez a Pixar está de parabéns.
Absolutamente deliciosos pormenores.

E a curta (que, como normalmente, acompanha cada uma das grandes produções), mais uma vez também genial!

Andanças - apanhado IV


Mais fotos e respectivo autor aqui

Provavelmente o melhor do Andanças é mesmo sentir a magnífica liberdade que as pessoas ganham ao dançar. A dança não é ao nosso jeito, não é fácil, mas nas tentativas, falhas e conquistas... nunca vi festival com tanta gente a sorrir assim. Saudável. Estou certa que se ganham anos de vida!

Adega - apanhado III



Entra-se numa adega de porta pequena, numa fachada que nunca faria adivinhar o enorme espaço que ali está.
Nesta adega há enormes talhas. Bonita. Há homens ao balcão, adivinho-lhes o fígado na cor rançosa da sua pele. Há uma cadela que se chama Pitoresca. Dou-lhe festas e cascas de queijo (que os clientes levam para acompanhar o vinho).
Todos pagam uma rodada.
Por trás do balcão vejo um homem. A vida inteira ali. Mas há nele um olhar mais profundo do que nos outros. Nota-se ainda que permaneça calado. Diz ser fraco bebedor. Em pouco tempo de conversa descobrimos-lhe o sorriso, a preocupação e as lágrimas pesadas, retidas. Volta o sorriso, o carinho pela cadela, o jeito com que aperta com as duas mãos a minha mão direita e diz "Desejo-lhe toda a sorte."
Gostava de não o esquecer.
Será que conhece a sua própria profundidade?

Sopa de beldroegas - apanhado II



















Eu não nasci Alentejana. Mas bem podia.
Combinam comigo searas secas, os girassóis, o calor, as sombras, as barragens, o jeito das pessoas falarem... e... ai... a comida!
É bom seguir de carro, sem pressa, perder pensamentos, suspirar alegres: Portugal tem mesmo coisas incríveis!

Sopa de beldroegas. Com beldroegas, alhos inteiros, azeite, queijo fresco e ovos escalfados... de comer e chorar por mais!

Feira - apanhado I

Feira de Espinho.


Pouco vou a esta feira. Um dia decidi caminhar por ela de uma ponta à outra. Vi tudo. Senti tudo. Ouvi apenas um ou outro "ó menina veja só estas..." Provavelmente perceberam, nesse dia, que não procurava nada nas bancas. Observava apenas.
Gostei muito de ver as pessoas.
Mas só lá tenho voltado para comprar legumes e fruta. As cores vivas. Os sabores feitos de tempo e sol. Lembro-me sempre da avó Palmira.

Agosto.
Feira de Espinho.



O fim do mundo! Uma hora para entrar na cidade. Estacionar longe-longe-longe de casa. Por lá ouve-se muito francês. As pessoas olham e tocam com uma vontade nervosa de comprar. Passeio-me novamente. Rio-me para um Sr. que, sentado no meio de milhares de sapatos, apregoa:

"TEMOS BOTAS PARA TRABALHADOR E
SAPATOS PARA MALANDRO!"

06 agosto 2008

será uma resposta luís?






















O Luís citou António Lobo Antunes.
Fica-me um sabor amargo destas conversas e afirmações. Sempre!
Desconfio que se tivesse olfacto sentiria um hálito biliar em mim.
E não sei mesmo explicar mas aparece (sempre!) um arrepio desagradável do meu ombro esquerdo para a orelha esquerda... e fica por ali enquanto não me consigo distrair.

Eu acho necessário, necessário mesmo, falar-se do masculino e do feminino.
Mas nunca-nunca para dizer como os homens ou as mulheres têm de ser... se espera que sejam... se aceita que ajam.
RAIOS. Não tenho mesmo paciência.

Eu passo anos sem ler a Pública. No domingo li uma entrevista. Eram 3 homens e falavam sobre mulheres. Não lhes faltava inteligência, certamente, e é mais que certo que inteligência não falta a Lobo Antunes... mas temos de cair sempre nas mesmas imagens e explicações???

É depressivo. Perpetua estas formas de agir.
Tenho passado a vida a ouvir coisas como "ah mas tu nem pareces uma gaja nisso" ou "tu tens uma perninha de cromossoma y" ou "contigo podemos falar sobre estas coisas que não te chateias" e "sim, mas tu devias ser maria-rapaz".

E com estas, outros tantos mal-entendidos porque sendo eu mulher esperavam que reagisse de outra forma...

E SE CADA UM PUDESSE SER COMO É E PRONTO?