29 setembro 2008

Roteiro I


ROMA

No Coliseu pela noite, parar e pensar o que de medonho ali se passou. Enorme-enorme. Arrepio.
As cidades muito grandes impressionam-me sempre. 3 Carabinieri (polícia italiana) quiseram dar uma gentil e surpreendente boleia a 2 caras assustadas recém-chegadas numa noite de Roma.

Roteiro II


SORRENTO

Ruas estreitas com direcção ao mar. O comércio aberto, noite fora.
Os restaurantes pequenos, as mesas na rua.
A praia muito pequena e de areia muito escura, onde os turistas não vão. A praia onde o banho soube bem.
A Mama do Sole Mio que nos roubou ao jantar com o maior sorriso da vida!
Um parque de campismo ofereceu-nos 8 estacas para a tenda.

Roteiro III


POMPEIA

"Já aconteceram muitas calamidades no mundo," escreveu Goethe "mas nenhuma causou tanto entretenimento à posteridade como esta."
Lemos uns dias antes e lembrámos durante a tarde em Pompeia. Absolutamente um terror o que ali se passou.
Mas fica uma ideia bizarra de como em dois mil e tal anos ainda não aprendemos ainda a organizar cidades! Eles já sabiam organizar o comércio, o desporto, o lazer, a cultura, o espaço de política. Ruas largas, passeios grandes, passadeiras. Alinhamento dos edifícios.

[não estou a falar de seguirmos o exemplo da não participação de pobres e mulheres nas decisões da cidade, obviamente.]

Roteiro IV


COSTA AMALFITANA

Esta foto não é minha, é tirada da internet.
Mas ao encontrá-la não podia deixar de prestar aqui homenagem à SITA. Para além de escolher criteriosamente verdadeiros loucos para conduzir a toda a velocidade, por meio de buzinadelas, curvas e penhascos sobre o mar, propiciou-me das melhores paisagens que vi na vida!

Positano é tal como aparece nas fotografias: lindo!
Amalfi é uma delícia de ruas e ruinhas brancas. O espaço devia ser pouco e, assim, as pequenas ruas/passagens foram construídas por baixo das casas e os carros não passam por ali não.
Agerola é uma aldeia que podia ser em Portugal, nada que ver, onde (como já tínhamos adivinhado!) alguém com um grande casarão resolveu fazer uma pousada da juventude e, também, um parque de campismo no quintal. Mas trataram-nos com tanto cuidado que ficou a vontade de voltar.

Roteiro V

CAMPANIA - CALABRIA







Roteiro VI


PIZZO

Onde tudo parecia correr muito mal [45€ para ir de taxi até um parque de campismo? O Sr. imaginará porque queremos um parque de campismo e não um hotel?]
Encontrámos o Sr. do café que nos apresentou o Sr. Alfredo, dono de um B&B, e lhe pediu que nos levasse um preço bem mais barato. Sereno, delicado, cuidadoso, matemático.

Pequeno-almoço: croissants recheados com ovo, café e leite, tostas, compotas, figos e uvas!!! Tudo o que não esperávamos de umas férias a acampar. No final, uma boleia, apenas por simpatia, 8km até à estação. Até um dia Alfredo!

Roteiro VII





















PALERMO

É tudo o que dizem: grande, exagerada, histérica.
O trânsito é o fim do mundo! Mas há qualquer coisa que nos faz sentir bem ali. Uma alegria contagiante e inexplicável.
Aqui também um qualquer motorista de autocarro nos explicou que não era "bello" ficarmos onde estávamos, seríamos roubados na certa! Levou-nos de graça até outra fermata, onde esperaríamos seguros pelo nosso autocarro.
Mais uma foto de um porto, gosto de portos, já aqui o disse.
Pode parecer tudo parado, tudo quieto, mas se observarmos com atenção há sempre movimento, é preciso encontrá-lo!
Ali nos despedimos de Palermo e da Sicília, de barco rumo a Nápoles.

Roteiro VIII


PRÓCIDA

Foi aqui-aqui que encontrei tal e qual a Itália que eu procurava. A Itália do Mr. Ripley, a Itália d'O Carteiro de Pablo Neruda.
Pescadores na sua vida normal. Os barcos calmos. As ruas muito estreitas. As casas muito coloridas. O verde. A praia lá ao longe. As subidas e descidas. O mar sempre perto. As motorizadas.

Roteiro IX


NAPOLI

Nápoles faz-se em ruas e ruelas, apertadas e gigantes. Em comércio. Em trânsito. Em manifestações. Em procissões. Em hospitais.
Vale a pena perdermo-nos em Nápoles. Sem medo. Apreciar apenas.
O Vesúvio sempre ali bem ao lado. Intrigante proximidade.

Roteiro X


de volta a ROMA

Com espanto no Vaticano [Sistina, museus e basílica de S. Pedro]

[a foto não é minha, as palavras são algumas das marcantes desta viagem]

05 setembro 2008

Les Amours d'Astrée et de Céladon


realizador: Eric Rohmer

As imagens, maravilhosas.
Um filme que fala de amor... de como dois amantes se tornam um no outro, se tornam um só, e são sempre dois.
Amor puro. Amor fiel.

Saí do filme muito calma.
Estava uma fila enorme na ponte da Arrábida. O Porto e Gaia eram de cor branca, só branco a toda a volta. Como se estivesse a conduzir nas nuvens. E eu fiquei feliz de o transito estar assim, avancei devagar. Devagar. Lembrei o slow movement (andava esquecido). E sem querer percebi: estou de férias.

04 setembro 2008

segunda manhã
















Eu perdi a vez de ser simples,
perdi a vez feliz de ignorar,
perdi a sábia ignorância,
perdi a graça de não saber.
(...)
Eu perdi a vez de ser analfabeto
esse segredo para não ser doutor.

in Segunda Manhã,
de As Quatro Manhãs de Almada Negreiros



A verdade é que eu gosto de sábios.
E supreendo-me muito com a profunda e sólida cultura que encontro por trás de olhos que gostam de conversar.

- Mas disseram-me, há pouco tempo, citando alguém, que a coisa mais irritante que existe são os semi-cultos... de uma cultura fácil e apressada. Dizia que se é para ser assim, muito mais valem os ignorantes.

- E de facto algumas das pessoas que mais tenho gostado de conhecer, de conversar, de aprender, são de uma sabedoria feita apenas do que souberam aprender da sua vida. E olho alguns Srs. Professores Doutores com vontade de lhes gritar "o Sr. não faz ideia do quanto vale a menos que qualquer um dos meus avós, que têm a 4ª classe!!" E estou a falar de educação, de sentido de justiça, de coerência, de equilíbrio, de saber o que são as pessoas.


Assim, não sem bastante custo, tenho de me reconher como semi-culta.
Acho que o que me safa é mesmo ter uma memória de ervilha e nem a semi-culta talvez chegar.


a pintura é de Graça Morais...
gosto de Trás-os-Montes também, aprendi melhor com ela.

03 setembro 2008

IM - Magazine news




Depois de Cidades Lentas,
Agora um novo texto meu e da bióloga Rita Carré: Contra o Cancro, na IM-Magazine.

Vale a pena o pretexto para espreitar o resto da revista, tem textos muito bons para todos os gostos, sempre com optimismo e soluções de mudança.

02 setembro 2008

Mini-saia






















Na urgência vestem-se fardas. Aqui azuis.
Há muitos médicos que só fazem urgência. E diz-se que se torna um vício. Fazer urgência dá dinheiro. Fazer dinheiro torna-se o centro das preocupações.
Vejo-os contar, na mesma, as horas que faltam para sair… E eu espanto-me que a seguir àquelas 12 horas, seguem-se outras 12, ou outras 24 ou mesmo 48h de urgência… noutro hospital, depois outro ainda, quantas vezes.

Oiço:
- No ano passado fazia, por semana, 40 horas aqui, 20 noutro hospital e 5 numa clínica privada (65 horas/semana, dá cerca de 9horas por dia, 7 dias... penso de mim para mim)

- Tento dormir 8 noites por mês em casa, para estar com a família.

Converso:
Ela: Estou a precisar de tempo para mim, para descansar, para cuidar de mim.
Eu: E não tens hipótese de reduzir o teu horário? (eu sabia que era perfeitamente possível)
Ela: Eu estava a ver se conseguia trabalhar menos, ganhando o mesmo.
(Eu pensei… isso não seria muito certo, pois não? Mas a cara dela sofria.)

Quando os vejo deixar de usar as calças da farda azul… quando surgem as calças estilosas e as mini-saias… quando as socas são substituídas pelos grandes saltos e sapatilhas giras. Quando surgem os brincos, colares, relógios caros, pulseiras… PENSO… isto não faz sentido nenhum aqui!! Este pessoal está a entrar em crise, anda trabalhar a auto-estima aqui?

Mas depois paro. Aquieto-me. E percebo que surge assim, finalmente, a sua humanidade.