21 setembro 2010

Festa do Avante

O Miguel Esteves Cardoso, com quem eu antipatizo um bocado... foi ao AVANTE.
E quem estiver curioso que leia um pouco do que ele escreveu:






















"As festas do Avante, por muito que custe aos anticomunistas reconhecê-lo, são magníficas.
É espantoso ver o que se alcança com um bocadinho de colaboração. Não só no sentido verdadeiro, de trabalhar com os outros, como no nobre, que é trabalhar de graça.
A condescendência leva-nos a alvitrar que “assim também eu” e que as festas dos outros partidos também seriam boas caso estivessem um ano inteiro a prepará-las. Está bem, está: nem assim iam lá. Porque não basta trabalhar: também é preciso querer mudar o mundo. E querer só por si, não chega. É preciso ter a certeza que se vai mudá-lo.
Em vez de usar, para explicar tudo, o velho chavão da “ capacidade de organização” do velho PCP, temos é que perguntar porque é que se dão ao trabalho de se organizarem.
Porque os comunistas não se limitam a acreditar que a história lhes dará razão: acreditam que são a razão da própria história. É por isso que não podem parar; que aguentam todas as derrotas e todos os revezes; que são dotados de uma avassaladora e paradoxalmente energética paciência; porque acreditam que são a última barreira entre a civilização e a selvajaria. E talvez sejam. Basta completar a frase "Se não fossem os comunistas, hoje não haveria..." e compreende-se que, para eles, são muitas as conquistas meramente "burguesas " que lhes devemos, como o direito à greve e à liberdade de expressão.
(...)
Sabe bem passear no meio de tanta rebeldia. Sabe bem ficar confuso.
Todos os portugueses haviam de ir de cinco em cinco anos a uma Festa do Avante, só para enxotar estereótipos e baralhar ideias.
(...)
Há um prazer na teimosia; em ser como se é. Para mais, a embirração dos comunistas, comparada com as dos outros partidos, é clássica e imbatível: a pobreza. De Portugal e de metade do mundo, num Portugal e num mundo onde uns poucos têm muito mais do que alguma vez poderiam precisar.
NA FESTA DO AVANTE! Sente-se a satisfação de chatear. O PCP chateia.
Os sindicatos chateiam. A dimensão e o êxito da Festa chateiam. Põem em causa as desculpas correntes da apatia. Do ensimesmamento online, do relativismo ou niilismo ideológico. Chatear é uma forma especialmente eficaz de resistir. Pode ser miudinho – mas, sendo constante, faz a diferença."

Artigo de Miguel Esteves Cardoso para a Sábado em 2007.



Já queria escrever desde a Festa, sobre a Festa.
Mas faltavam-me as palavras. Gostei em especial destas do artigo (enorme, diga-se!)
O que senti lá na Festa é que FALTAM-ME estes momentos para perceber o que é importante, para levar uma lambada e ver que o meu dia-a-dia anda tão entretido em coisas de menina privilegiada.

Respira-se liberdade e garra ali.

13 setembro 2010

Estar perto












Ele e ela já tinham falado.
Vinham encantados de lá. Com os pormenores. Com o verde e a paz daquele lugar. Com o jeito da dona da casa.
Já tínhamos (um de cada vez) tentado... mas não podia ser, não tinham quartos disponíveis.
Mas desta vez sim. Tu marcaste. Fomos os dois.
E gostámos tanto daquela quinta, da água a correr, dos espelhos que se espelham uns aos outros, da elegancia e do bom gosto da casa.
Foi bom ouvir e sentir "Façam como se estivessem em vossa casa, é assim que funcionamos aqui."
E tu disseste-lhe que eu tinha ficado com vontade de viver assim também... E era mesmo verdade!
Ela explicava: Quero podar, podo. Quero dormir, durmo. Apetece ler, leio.
(não será sempre assim, claro, mas é essa parte da vida que ela valoriza, que ela agarra, que ela transmite...)
Conversas sobre sabedoria e serenidade.
Nadar e ler (ao sol ou à sombra) passear.

No final, só no final, dissemos-lhe que tinha sido um casal amigo a recomendar-nos aquela casa.
Ela surpreendeu-se e disse... "Ah...! Não me digam... vocês têm-me lembrado muito um casal que aqui esteve!" Estava incrédula.
Depois, enquanto nos encaminhava pela sua casa bonita até a um livro, disse: "Esse casal escreveu aqui um texto, e eu leio-o muitas-muitas vezes. Não estou a acreditar..."
Folheava distraída o livro sem olhar para ele. E eu em um segundo disse imediatamente "São estes!" (reconheci a letra da minha queria L).
Ela ficou boquiaberta.
Disse... "São estes sim, foi deles que me lembrei nestes dias aqui convosco.
Diga-lhes que leio este texto muitas vezes, especialmente nos dias em que estou mais "xururu", faz-me tão bem..."

À L e ao A
Amigos queridos. Ligações.


A dona da casa ficou com vontade de conhecer a pequena A também.

07 setembro 2010

Cambatango


E assim foi.
Deliciada a ouvir sentada no chão de erva daquele palco.
E assim comprei o CD e assim oiço-oiço-oiço.
Cambatango - "Cómo Querés Que Te Quiera" OUVIR AQUI

"Fundado em 2006, no bairro de Palermo, em Buenos Aires, este novo grupo de tango, depressa se destacou na cena musical argentina, sendo brindado com uma nomeação para os prémios Carlos Gardel. A Lucas Sterin e Ariel Saldivar (violas), fundadores do grupo, juntou se Carolina Cajal uma fantástica contrabaixista da Orquestra da Escola de Tango Emilio Balcarce, e Koji Hirata (bandoneon).
Após alguns espectáculos, e tendo por argumento que alguns tangos tinham letras demasiado boas para serem esquecidas, procuraram uma voz. A cantora Ruth de Vicenzo, baptizada pela imprensa como “ a voz de veludo”, cumpria todos os requisitos, mantendo-se fiel ao estilo dos anos 30 e 40 quando o vocalista não era o líder que a banda tinha de seguir, mas um dos seus instrumentos."