28 julho 2011

Impulso



Por natureza ou por não sei bem o quê... sou impulsiva.
As pessoas estão a falar comigo e eu lembro-me de uma série de coisas que queria dizer, que seria ajustado dizer.
Mas não gosto de interromper, especialmente se não conheço bem a pessoa. Geralmente não interrompo. Fico naquela inquietação, mas deixo a pessoa seguir o seu raciocínio. Estudo-a. Tenho a esperança de conseguir dizer no momento certo o que me vai no pensamento. Isto é, que a oportunidade não fuja.
Espero.
E muitas, muitas vezes não chego a dizer o que ia dizer.
Percebo que seria asneira... magoaria, seria mal interpretada, seria errado.

Hoje outra vez.
E fica um alívio muito grande por ter ficado em silêncio. Ganhámos as duas. Ficou uma sensação doce.

14 julho 2011

Periclitante



Aqui não sei bem se os dias passam depressa ou devagar.
Os procedimentos são muitos, mil pequenas tarefas e atenções. Vemos cada doente com muito cuidado, registamos tudo, apresenta-se sempre a história desde o início, discutimos tudo. Os doentes são poucos (nada que se compare às urgências habituais). São difíceis. Alguns doem muito, mas também se diz “temos de lhe dar tempo, pode ser que sim!”. Encontra-se calma, e alegria. Por vezes passa uma pessoa que nos trata com brusquidão, exige-nos que sejamos médicos (!), que pensemos profundamente sobre o que vimos. Estranhei-me por não me ter assustado assim tanto. Pensei... é bom para mim isto, é bom para o grupo. Põe-nos a estudar, a querer saber mais. Tenho a esperança que se nos achasse mesmo rascas e sem futuro que não se daria ao trabalho de nos corrigir.
Os dias não passam nem depressa nem devagar nesta linha periclitante que são os cuidados intensivos. Dias cheios. Incertezas tantas.
Não sei nada do que se passa aqui... mas penso quieta que também é preciso dar-me tempo.