
- Precisa de ajuda?
- (sorrio atrapalhada) Não, não. Obrigada. Estou só a ver."
E um pouco inquieta fico sempre desconfortável... porque têm sempre de vir ter comigo? Não gosto de ter de falar antes de ver, gosto de procurar sozinha... é assim também nas estradas e caminhos. Acho que faz parte dos meus necessários silêncios.
Depois, habitualmente insistem:
- Será que não posso mesmo ajudar?
E eu digo, um pouco condescendente com a vontade daquela pessoa em fazer bem o seu trabalho, ainda que contra a minha manifesta vontade.
- Sabe, procuro uma cortina. Grande porque a janela é grande. Tem de dar privacidade, porque é perto de um jardim onde podem passar pessoas. Mas também não pode tirar a luz, porque eu não quero mesmo perder a claridade.
E olham para mim com olhar esquisito. (Mostram montes de coisas e eu aponto sempre o ponto em que não cumpre o que pedi.)
Fico quieta. Já na rua penso que aquela cortina podia bem ser uma descrição de como sou com os outros. Nem sempre fácil.