24 março 2009

Mesmo teu...


Eu não sei porque me dizem isto.
Às vezes mau, agreste... outras vezes bom, confortável.

Explicam-me coisas como as tostas com queru, o ficar irritada por roubarem no meu pão durante as refeições, o café logo ao acordar... Coisas que eu nunca achei serem assim minhas.

Mas hoje senti.
Começou ontem com o sentir os dias a virar para mais saborosos. Um postal. Reencontro com frases... "urgente inventar alegria, Multiplicar os beijos, as searas, é urgente descobrir rosas e risos e manhãs claras."
E hoje, e hoje... consegui mudar a morada fiscal em 2 minutos, consegui entregar a mola da pressiana ao administrador da minha casa, consegui sair mais cedo, recebi o ordenado. E hoje estava sol e eu consegui passear com ele, a ver a minha sombra, a brincar com a minha brancura.

E pensei... A vida muda mesmo e os dias tornam-se muito bons outra vez. Demasiadas contas inesperadas para pagar, mas bem gerido dará... dará!
E pensei... sorri... liguei o carro. E CRRRRRAAAAACCCCCCCCCCC... demorado, inesperado, não localizado... encontrado: o meu retrovisor todo virado do avesso contra a coluna de cimento estacionamento.
E, no meio da fúria, da vontade de chorar pensei... raios! É mesmo MEU!

22 março 2009

EU CONTIGO



Eu, contigo
eu consigo
fazer o que digo

Eu, contigo
eu não cobro
eu não pago
e eu não devo

Devo dizer-te ao ouvido
eu sem ti
não tem sentido
tem sido
(devo dizer-te ao ouvido)
bem bom
bem bom bem bom
bem mais
do que o que é bom
bem bom bem bom




Assim mesmo. Bem bom, bem mais do que o que é bom.

...
(versão mais bonita em CANTO DA BOCA, Sérgio Godinho)

17 março 2009



















PRIMEIRO

"maldita seja a terra por tua causa.
E dela só arrancarás alimento
à custa de penoso trabalho,
todos os dias da tua vida.
Produzir-te-á espinhos e abrolhos,
e comerás a erva dos campos.
Comerás o pão com o suor do teu rosto,
até que voltes à terra de onde foste tirado;
porque tu és pó e ao pó voltarás."

Génesis 3, 17-19

Encontrei esta passagem numa crónica de qualquer revista de cabeleireiro. Nem me lembro quem a citava. Mas fixei-a. E tentei contrariá-la todos os dias desde que a li. De mim para mim... que raio... eu não podia sentir aquilo assim.
Pensei escrevê-la aqui. Mas não o fiz... Intimidou-me.
Hoje sinto coragem para dizer... NÃO É SEMPRE ASSIM!

SEGUNDO

Disseram-me "Ao Interno (de especialidade) dá-se trabalho até que ele queixe!"
Fiquei magoada. Achei indecente alguém defender aquilo.
É sempre injusto. É sempre cruel. É sempre indecente.
Hoje sinto coragem para dizer... QUEIXAR-ME-EI!

Encontrarei a minha forma de seguir.
E espero-a responsável mas com leveza.
Penso muitas vezes que a minha família está cheia de gente que trabalhou muito... e não lhes conheci gestos amargos.
Recomeço.


imagem retirada daqui

08 março 2009

de cão?























Ouvi aquela voz que costuma ser resmungona,
agora leve... (não era para mim)
“Sabes eu nunca vivi nada assim...”
E perdi umas palavras.
“É um tipo de amor diferente. É um tipo de amor incondicional. É o amor que um cão tem por ti, sabes? Não pede nada em troca!”

Senti-me desconfortável e afastei-me.
Um cão? Raios... um cão?
Eu adoro cães, entenda-se.
Mas porque dizem as pessoas que procuram um amor com qualquer tipo de designação ou especificação? Como se procurar valesse de alguma coisa. Investidas e rituais. Sim, claro que sim. Que ficar quieto a achar que o IMPOSSÍVEL é a palavra de ordem é que não.
Mas aqui entre nós, quando acontece é, geralmente, um daqueles tropeções bem grandes que nos dá três voltas, mas mas nos faz aterrar milagrosamente de pés juntos e no maior dos sorrisos.


imagem de um filme inesquecível: Pierrot le fou (1965, Jean-Luc Godard)