12 setembro 2007

Macumba... ou preconceito















Cresci com a ideia de que valia a pena gastar um bom dinheiro numas boas botas.
Ainda que não fossem as mais bonitas (eu o que queria era uns sapatos pretos envernizados!). Porque elas me levariam a todo o lado. E eu percebia isso muito bem, passeava, corria, trepava a árvores. Sabia que ter os pés a doer era o suficiente para andar zangada.

E em poucas coisas mais valia a pena gastar um bom dinheiro.
As casas tornam-se casas, não se compram casas. Mudam-se os mesmos móveis muitas vezes de sítio, juntamos o nosso jeito e não importa se é grande. Receberá sempre muita gente, pouca de cada vez porque a atenção o exige.
Os carros. Menos conforto, rádios terríveis. Canta-se, conversa-se, dorme-se, enche-se de migalhas e areia. Ouve-se “abram os olhos, vejam como aqui é bonito. Abram os olhos!”.
As viagens. Podem-se fazer baratas, gastam-se os mapas e os guias de parques de campismo.
Na roupa não, estraga-se. Na comida não, cozinha-se simples e bom! Em prendas grandes, não.
Principalmente aprendi a poupar e não lamentar a falta de dinheiro (porque é coisa que encontra-se sempre forma de dizer que falta!)
E assim… ainda hoje não gosto de ir às compras. Mesmo as coisas que gosto de comprar, gosto mais de as ver de carteira vazia porque assim aprecio só e não tenho de pensar se preciso, se quero mesmo, se não há nada melhor…













E por isso… fiquei enfeitiçada (fico sempre!) a olhar para elas. Todas muitíssimo arranjadas, muito bonitas, cheias de nuanças e cuidados que eu NÃO SEI apreciar mas percebo existirem pelos comentários que se fazem.
Confirmei um preconceito meu… é que quando vejo uma rapariga de unhas muito grandes e arranjadas e sempre nuns saltos muito altos penso sempre:

É IMPOSSÍVEL QUE ELA TRABALHE MUITO!

2 comentários:

Anónimo disse...

Elas trabalham muito (ao que sei, algumas, pelo menos). Chegam a correr se for preciso. Os saltos e as unhas são apenas uma (mais uma, e dispensável, talvez) preocupação. Um acréscimo, e um hábito. Conheço uma mulher que subia uma dessas calçadas velhinhas de salto muito alto (e quando digo salto não é plataforma..e quando digo alto, é mesmo alto...), à pressa e com um filho ao colo, e nunca se queixou! :) bjis

my name disse...

essas eu admiro! juro que admiro.