13 outubro 2007

Frágil


(começando a escrever sobre os arranha-céus anti-sísmicos de Tóquio ela continuou…)

O que é frágil garante a segurança.

E porquê? Já é assim também nas estruturas e nas instituições. O que é construído assentando na fragilidade, resiste mais facilmente às grandes transformações, aos sobressaltos inevitáveis do correr do tempo. Mas as revoluções fazem desmoronar tudo o que é rígido, burocratizado, empedernido. (…)
Queremo-nos seguros da segurança que reside nos bens, na permanência em um lugar, nas coisas que dizemos nossas, nas decisões que julgamos tomar sozinhos. Buscar fragilidade é o contrário disso. É ser plasmável, capaz de vibrar com o que muda. As pessoas mais seguras – fiéis, coerentes, fortes – são paradoxalmente as mais frágeis – não da fragilidade das bonecas de louça da infância mas da fragilidade dos bambus que a tudo resistem. A fragilidade não é uma qualidade do carácter – é uma dimensão da inteligência. Como tal, oferece a segurança das coisas certas e maduramente reflectidas.”

Maria de Lourdes Pintasilgo

Porque assino por baixo e a consigo imaginar a dizer isto.
Porque vejo essa fragilidade-segura nas pessoas que mais admiro.
Porque apetece tirar o “L” de plasmável e torná-lo em pasmável… que é uma coisa boa, que traz essa ventania que abala o que achávamos certo.
Porque das coisas que mais tenho perdido são as ideias inflexíveis. Porque depois de as perder sabe bem sabê-las parvas e não ter encontrado novas para as substituir. Ficar em suspenso.
Porque perdemos muita energia a procurar ser fortes, decididos, convictos... discussões cheias de exclamações dramáticas (!).

1 comentário:

Anónimo disse...

Concordo 100%

songa