07 fevereiro 2008

Domingos

Espinho
27 Janeiro, 2008

Há dias de discreta inquietação.
Sinto-a antes de a saber. Talvez primeiro nas pernas, um jeito de andar mais contraído. E ando mais, dou mais passos inúteis, mais passos desconcentrados.
Quando finalmente me sei inquieta (e como eu conheço essa inquietação...) lembro-me que é Domingo. E aí olho uma janela, sem intenção, e vejo sol. Solta-se um suspiro. E sei que é Domingo e que está sol. E só então entendo, só então percebo que o que quero é sair de casa. É isso que me inquieta mesmo antes de o explicar. É isso, queres sair de casa. Porque em casa pode estar bom, estão as pessoas, há chá, há bolo na mesa, mas é Domingo e estou em casa. Inquietação. Domingos em casa são-me tristes como escrever num caderno com linhas (emparedada?), é como a sensação de acordar (naquele instante nunca-nunca consigo pensar que se acorda para coisas boas, é só uma tristeza sem sentido).
E então, se alguém aceita um convite... ou alguém se lembra de convidar... ou mesmo se me apetece levar-me pela mão sozinha e SAIO (porque saio sempre) o Domingo fica como nenhum outro dia! Imensa e deliciosa preguiça. Dias em que digo tudo o que vem à cabeça mas fica mal dizer nos outros dias, dias em que digo "tenho um talento desgraçado para não fazer rigorosamente nada", e rio-me e sinto mesmo que é verdade. Jibóiar. Espreguiçar descaradamente, dar saltos e corridas. Agito os caracóis, dou festas e falo com os cães mais desgraçados (e lembro a sempre zangada cara da minha mãe, que sempre detestou que eu o fizesse), canto músicas.

Agora os meus Domingos têm mar, mar desordenado e ventoso como gosto.
E a inquietação vai embora.

1 comentário:

Sérgio Lopes disse...

Já não vinha aqui há tanto tempo
Quase o mesmo tempo, mas numa redução de dias para minutos que levei a ler todas as actualizações.
Que fixe, estás viva!!
Vai dando noticias!!
bj