04 setembro 2008

segunda manhã
















Eu perdi a vez de ser simples,
perdi a vez feliz de ignorar,
perdi a sábia ignorância,
perdi a graça de não saber.
(...)
Eu perdi a vez de ser analfabeto
esse segredo para não ser doutor.

in Segunda Manhã,
de As Quatro Manhãs de Almada Negreiros



A verdade é que eu gosto de sábios.
E supreendo-me muito com a profunda e sólida cultura que encontro por trás de olhos que gostam de conversar.

- Mas disseram-me, há pouco tempo, citando alguém, que a coisa mais irritante que existe são os semi-cultos... de uma cultura fácil e apressada. Dizia que se é para ser assim, muito mais valem os ignorantes.

- E de facto algumas das pessoas que mais tenho gostado de conhecer, de conversar, de aprender, são de uma sabedoria feita apenas do que souberam aprender da sua vida. E olho alguns Srs. Professores Doutores com vontade de lhes gritar "o Sr. não faz ideia do quanto vale a menos que qualquer um dos meus avós, que têm a 4ª classe!!" E estou a falar de educação, de sentido de justiça, de coerência, de equilíbrio, de saber o que são as pessoas.


Assim, não sem bastante custo, tenho de me reconher como semi-culta.
Acho que o que me safa é mesmo ter uma memória de ervilha e nem a semi-culta talvez chegar.


a pintura é de Graça Morais...
gosto de Trás-os-Montes também, aprendi melhor com ela.

1 comentário:

Anónimo disse...

Eu cá gosto muito da minha songa com memória de ervilha ;)

beijos doces