06 outubro 2008

Post de 30 de setembro



Observava-a. Estava a operar.
No fim deu os pontos finais na pele (= sutura) e pensei “há milhares maneiras de suturar mal… mas apenas algumas para suturar bem.”
- É que só se sutura bem quando se sabe os fundamentos, pormenores e particularidades de cada parte do corpo, de cada tipo de ponto, de cada doente.

Ontem, com o fim-do-mundo instalado nas urgências, agora em Medicina Interna, concluí… “há milhares de maneiras de ser mau médico… mas apenas algumas de ser bom médico.”
- E só se é bom médico quando se estuda. Decidi: é escusado achar que é a experiência ou os colegas que trazem o conhecimento… é que a única forma de sabermos se a experiência ou os colegas nos estão a ensinar bem é saber os fundamentos, pormenores e particularidades teóricos. Eles é que nos farão REconhecer o que está certo, de facto, e aprender então com quem faz bem na prática.

QUASE OUTRO POST: essa coisa da convicção

É que não é possível guiarmo-nos por quem nos ensina e explica com convicção. Pessoas que falam com toda a convicção não faltam! (não só na medicina!) E ela é importante, fundamental! Porque os doentes não vivem bem com as nossas dúvidas… Ainda assim, prefiro a convicção que tento transmitir no “Não sabemos o que se passa consigo, mas estamos mesmo empenhados em descobrir o que será.” E explico o que se vai fazendo, o que se vai excluindo… Prefiro essa forma àquela convicção de mentira: “Isso não é nada, não se preocupe!”

Assim, intrigando bastante os colegas, fujo de trabalhar com algumas pessoas “muito porreiras, que até te deixam fazer tudo” e prefiro quem estabelece menos proximidade, me deixa fazer menos, mas me ensina seguro. Desconfio cada vez mais do porreirismo, peço desculpa.


a imagem é de Rodney Smith, e roubei-a descaradamente ao pedro

1 comentário:

Anónimo disse...

Grande filha!