16 novembro 2009

Sorte


Tive a sorte de crescer tranquila.
Tive a sorte de crescer entre pessoas raras.
Raras mesmo.
Não me lembro de sentir ansiedade sobre mim, crescer foi um tempo aberto, livre.
Sempre soube que as minhas idiossincrasias, por mais desastradas, distraídas, teimosas ou frágeis tinham lugar para existir, sem que esperassem que eu fosse de outra forma.
Vejo muito adultos falarem dos filhos como se eles se substituíssem a si próprios ou ao casal, como se as qualidades deles fossem sua obra ou um qualquer prolongamento do seu orgulho, ou ainda como se qualquer pequeno imprevisto pudesse ter uma importância desastrosa sobre as crianças. Que raio...
Ouvi vezes sem conta que tinha a obrigação de dar o meu melhor, mas que existiriam sempre outros melhores que eu, e até com bem menos esforço.
E se custa ouvir isto...

Os casais que mais gosto falam pouco de si. Transparecem apenas.

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