14 julho 2011

Periclitante



Aqui não sei bem se os dias passam depressa ou devagar.
Os procedimentos são muitos, mil pequenas tarefas e atenções. Vemos cada doente com muito cuidado, registamos tudo, apresenta-se sempre a história desde o início, discutimos tudo. Os doentes são poucos (nada que se compare às urgências habituais). São difíceis. Alguns doem muito, mas também se diz “temos de lhe dar tempo, pode ser que sim!”. Encontra-se calma, e alegria. Por vezes passa uma pessoa que nos trata com brusquidão, exige-nos que sejamos médicos (!), que pensemos profundamente sobre o que vimos. Estranhei-me por não me ter assustado assim tanto. Pensei... é bom para mim isto, é bom para o grupo. Põe-nos a estudar, a querer saber mais. Tenho a esperança que se nos achasse mesmo rascas e sem futuro que não se daria ao trabalho de nos corrigir.
Os dias não passam nem depressa nem devagar nesta linha periclitante que são os cuidados intensivos. Dias cheios. Incertezas tantas.
Não sei nada do que se passa aqui... mas penso quieta que também é preciso dar-me tempo.

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