10 julho 2007



Não precisaram de me dizer. Lembro-me desde sempre. Lembro-me de olhar para as coisas em casas que não eram a minha, eu era toda curiosidade de pegar, mas antes pensava “cuidado, desta vez não partas”… mas as coisas ganhavam vida e partiam mesmo. Olhos repreensivos de quem me conhecia quase como filha.
Cá em casa uma zangava-se dos meus estragos; a outra gozava da falta de jeito repentino que sem esperar me atacava; ele primeiro danado, depois num ligeiro sorriso de quem se reconhece em alguém mais pequeno.
Há quem se aproxime, anos depois de não nos vermos, a dizer entusiasmado “lembras-te quando íamos dormir ao relento e resolveste fazer uma roda e estatelaste-te de costas lá no fundo de uma ribanceira de 2 metros?”.
Outros irritam-se, sabendo que eu podia ao menos tentar emendar-me.
Já me descreveram o desastre como delícia, achando que era a quebra perfeita em quem parece não partir um prato e também sabe ser delicada.

Quanto a mim… só posso dizer que me surpreende tanto como a quem me observa.
E com a surpresa dou uma gargalhada (se não me magoar muito!).
Se pensar, não gosto. Mas não consigo ser aplicada nos exercícios de bem-comportada.


the strokes / filme Marie Antoinette / What Ever Happened
fotografia: barcelona 2007

3 comentários:

Anónimo disse...

eu sou a que gozo... ihihih

mana grande

Maria disse...

que giro teres posto aqui esta música, o filme que fui ontem ver com os nossos amigos foi a marie antoinette!
há coisas que não podem ter emenda em nós, porque se tivessem, deixávamos de ser quem somos!
muitos beijinhos

Anónimo disse...

Só tem direito a partir quem tão bem conserta, como só tu!