19 julho 2007

"produtor de imagens" com rédea solta"

"O espectador contemporâneo é uma criatura mimada desde o berço com historinhas muito bem contadas no princípio, no meio e o no fim."



No intervalo do filme ouvi, curiosa, que David Lynch em vez de seguir uma história, cria várias possibilidades para cada momento, para cada cena e depois troca a ordem, numa sucessão de cenas que não sabemos reais ou ficcionais (dentro do próprio filme) que não sabemos nunca se estamos a ligar bem.
Li "Rouba-se a história ao espectador, e ele é obrigado a ver o filme" e devolve-se aos espectadores "o espanto e a alucinação sentidos pelos espectadores das primeiras sessões de cinema - que não se espantaram nem se alucinaram pelas histórias que lhes contavam, mas por outra coisa, e essa coisa é aquilo de que nos sentimos próximos em "INLAND EMPIRE".

Durante as 3 horas sofri bastante. Pelo susto, pelo medo, pela falta de sentido, pela falta de paciência... por estranhezas como a única personagem doce do filme ser um actor pelo qual tenho particular antipatia: Jeremy Irons.
É o segundo filme que vejo que me faz lembrar os meus sonhos (o outro, por mera coincidência, chama-se: Os sonhadores, de Bernardo Bertolucci) uma série de corredores, locais escuros onde se abrem portas e mais portas cada vez mais inesperadas, sempre com os corredores pelo meio a meia luz. Palácios. Casas com crianças. Jardins. Casas de banho. E depois das portas há histórias diferentes, personagens diferentes... ou as mesmas caras sempre em personagens desiguais. As cenas mais bonitas. As cenas mais terríveis. Sem sequência mas com revelações extraordinárias.

Sofri bastante. E não aconselho a ver em pequeno ecrã.
A sorte num dia em que me apeteceu mesmo ir ao cinema sozinha.
(ir ao cinema apenas com a minha própria expectativa)


citações: Luís Miguel Oliveira (Público)

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