
Urgência pediatria.
O médico, o mesmo médico do post anterior.
Estávamos entre explicações, perguntas minhas e algumas decisões.
Eu estava com os cotovelos em cima da mesa, a segurar a cabeça com os punhos por baixo do queixo, e ouvia-o do outro lado da mesa. Próximos. Como o meu pai e a minha madrinha me ensinaram, é importante não só estar atenta como mostrar que se está atenta e interessada. Assim, quem nos fala, sente-se ligado a nós e certamente terá mais vontade de nos contar novas coisas, dar mais do que sabe. E com isso só teremos a ganhar.
Decidíamos coisas difíceis.
Devo ter encolhido os ombros. Devo ter dito com dúvida: - E mandamo-lo embora mesmo assim, sem saber se terá de voltar, não é…?
Ele respondeu rápido: - Ouve, a tua insegurança é também a minha!! Eu é que falo com esta segurança toda e, pronto, tenho uma coisa que tu não tens (mas também é para isso que estás aqui) a experiência.
E aquele Ouve, a tua insegurança é também a minha, foi tão sincero que lhe vi o brilho no olhar. Era o brilho dos que querem fazer bem mas temem para sempre não conseguir.
fotografia de Andrew Eccles