23 maio 2008

Erro II, ou na iminência dele.






















Urgência pediatria.
O médico, o mesmo médico do post anterior.
Estávamos entre explicações, perguntas minhas e algumas decisões.
Eu estava com os cotovelos em cima da mesa, a segurar a cabeça com os punhos por baixo do queixo, e ouvia-o do outro lado da mesa. Próximos. Como o meu pai e a minha madrinha me ensinaram, é importante não só estar atenta como mostrar que se está atenta e interessada. Assim, quem nos fala, sente-se ligado a nós e certamente terá mais vontade de nos contar novas coisas, dar mais do que sabe. E com isso só teremos a ganhar.

Decidíamos coisas difíceis.
Devo ter encolhido os ombros. Devo ter dito com dúvida: - E mandamo-lo embora mesmo assim, sem saber se terá de voltar, não é…?
Ele respondeu rápido: - Ouve, a tua insegurança é também a minha!! Eu é que falo com esta segurança toda e, pronto, tenho uma coisa que tu não tens (mas também é para isso que estás aqui) a experiência.

E aquele Ouve, a tua insegurança é também a minha, foi tão sincero que lhe vi o brilho no olhar. Era o brilho dos que querem fazer bem mas temem para sempre não conseguir.


fotografia de Andrew Eccles

1 comentário:

Anónimo disse...

Li esse post e o anterior. O que tenho a dizer-te é apenas para olhar para ti, tocar-te a ti mesmo, sentir-te. Perceba-te como homem, como humano. Ser desprovido de todas as verdades e segredos do mundo. Alguém que, mesmo com as melhores intenções, falha. As máquinas também falham, mas não têm oportunidade de refletir sobre sua prática e crescer, ao contrário de nós.
Tudo isso que digo, costumo repetir a mim mesma. Convivamos com nossos erros e medos, pois com eles aprendemos tanto quanto com os livros.

Abraço,