17 junho 2008

O ponto.






















Antes do ponto eu cumpria as obrigações. Feito o trabalho no hospital, ia embora.
E saía cedo e os dias eram grandes e não era dificuldade nenhuma encontrar o que fazer.
Depois chegou o ponto.
E as 42 horas de trabalho semanais têm de ser rigorosamente cumpridas.

E as queixas são muitas. Estou farta dessas queixas que se refastelam na cadeira mais confortável e maldizem a vida constantemente… ininterruptamente… infinitamente... sobretudo improdutivamente!

Olho para elas e penso, eu resolvi assumir que tenho de cumprir o horário, concordo com o princípio (o método sei que é discutível). E se o trabalho na enfermaria está feito e as consultas externas terminadas… escolho continuar a trabalhar! Estudo os artigos que me mandaram, preparo as apresentações que tenho de fazer, ajudo a minha colega a fazer as dela, examino alguma criança internada sobre a qual tive algumas dúvidas, converso com os pais quando a ansiedade deles já é menor, converso com a enfermeira sobre os casos que ela ali já viu e viveu.

Sendo que assim trago menos trabalho para casa e os trabalhos estão sempre mais em dia e mais bem feitos, posso dizer que comigo o ponto resulta.
E calem-se as queixas por favor!

1 comentário:

Anónimo disse...

Comigo também resulta. Numa utopia o "ponto" não seria necessário porque todos cumpririam. No mundo que temos, este método discutível tem uma virtude, pelo menos: faz alguma justiça àqueles que cumprem mesmo sem "ponto", face àqueles que nunca cumpririam se "ele" não existisse.

Zé Carlos