15 junho 2008

o mundo ao contrário






















I TEMPO
No autocarro, uma cara que conheço de vista. Deve ser daquele mesmo autocarro que a conheço:
- Ai eu fui lá com o meu marido, mas que horror!!! Tudo fechado, as lojas todas fechadas, até fazia medo andar lá dentro!
[devia estar a referir-se a algum desses pequenos centros comerciais que vão fechando, loja a loja, à conta dos grandes shoppings.]

- Pois, mas uma pessoa precisa daquilo. Uma pessoa vai e pronto, compra “uma coisa” e fica logo aliviada!

Eu ri-me de mim para mim. Eu já sei que aquele “fica logo aliviada” é mesmo verdade, embora eu não sinta assim. Mas porquê?


II TEMPO
- Sabes, ele dizia que os portugueses gostam muito de ter coisas. Muitas coisas, que vão enchendo as casas.
- Tralha? [e ele pareceu ficar muito contente por eu acertar na palavra que de repente não lhe ocorreu].
- SIM. Fomos dos que mais compramos vídeos, tv’s, telemóveis, etc. E tudo isso se transforma em lixo. É um consumo vazio porque nada te liga às coisas senão a vontade de as ter naquela altura, logo.

Lixo Lixo Lixo Vazio Vazio Vazio


III TEMPO
Ele (outro ele) disse: Traz aí isso. E apontou para a "Dica da Semana". Eu resmunguei que nunca tenho vontade de ver tal coisa. Ele folheou. Pareceu desiludido e disse “não preciso de nada disto!”. Eu estive quase para dizer mazinha “É suposto saberes o que precisas e não procurares coisas que possas precisar na publicidade”. Mas não disse, sabia o comentário injusto com ele.

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