O Luís citou António Lobo Antunes.
Fica-me um sabor amargo destas conversas e afirmações. Sempre!
Desconfio que se tivesse olfacto sentiria um hálito biliar em mim.
E não sei mesmo explicar mas aparece (sempre!) um arrepio desagradável do meu ombro esquerdo para a orelha esquerda... e fica por ali enquanto não me consigo distrair.
Eu acho necessário, necessário mesmo, falar-se do masculino e do feminino.
Mas nunca-nunca para dizer como os homens ou as mulheres têm de ser... se espera que sejam... se aceita que ajam.
RAIOS. Não tenho mesmo paciência.
Eu passo anos sem ler a Pública. No domingo li uma entrevista. Eram 3 homens e falavam sobre mulheres. Não lhes faltava inteligência, certamente, e é mais que certo que inteligência não falta a Lobo Antunes... mas temos de cair sempre nas mesmas imagens e explicações???
É depressivo. Perpetua estas formas de agir.
Tenho passado a vida a ouvir coisas como "ah mas tu nem pareces uma gaja nisso" ou "tu tens uma perninha de cromossoma y" ou "contigo podemos falar sobre estas coisas que não te chateias" e "sim, mas tu devias ser maria-rapaz".
E com estas, outros tantos mal-entendidos porque sendo eu mulher esperavam que reagisse de outra forma...
E SE CADA UM PUDESSE SER COMO É E PRONTO?
3 comentários:
É isso mesmo SONGA!
Estou 100% contigo!
E se te anima... o Rafael descobriu a tua "rosinha" e gostava dela! ;)
Em jeito de contra-resposta (lol) ao título do post, aqui vai a argumentação:
[ou melhor, a razão pela qual achei piada à crónica e a citei].
Parece que te estou a imaginar a lê-la. "Azedada" (biliosa?lol) como quem está a beber limonada sem uma ponta de açúcar lol. Nesse teu jeito "bonito" (ainda que tu saibas que nem sempre concorde contigo) de nunca te conformares, de lutares externa e interiormente por algumas coisas até à exasutão, sobretudo daquelas que parecem ser assim "porque sim" e que pouco há a (es)dizer/(des)fazer pela cotrovérsia em causa.
Sim, percebo-te :) Diria mais: advinho-te a reacção até.
Efectivamente, não acho que o autor pretenda transparecer que homens e mulheres TENHAM de ser assim ou assado. Simplesmente, a sua vivência (e na sua própria experiência, uma vez que em certa altura auto-retrata-se também) leva-o a desconfiar que assim SEJAM. Não lhes impõe nada, advinha-lhes a intenção. Ora, para mim, a inteligência, além da adaptação à realidade no âmbito das nossas limitações (ressalvando-se a necessária capacidade de, cada um, sempre consciente da sua unicidade, fazê-lo à sua maneira) é também a capacidade de observação. De constatação da diferenças e, porque não (?) das diferenças que possam haver (GENERICAMENTE- há sempre excepções!) entre sexos. Não tenho dúvidas que elas existam. Não lhes chamo machismo nem femininismo (...chamo-lhe o que é, e o que é não tem nome. Curioso, diria mais, não me encaixo a 100% no gupo dos homens retratados nesta crónica.) Talvez destes pensamentos é que (e isso sim) venha a tal forma de agir "depressiva" que falas. A diferença não tem de ser ponto de luta, de ruptura, mas sim de compreensão (lá está, aceitemo-nos cada qual como é). Eu procuro entendê-las, não as ponho em oposição. Mesmo que nem sempre me sinta parte dessas pretensas diferenças.
E nisso, ainda que não concorde contigo, gabo a inteligência de Lobo Antunes. Que, perspicazmente, retrata uma situação, e como que brincando, a sua quase-admiração perante um inverter dos papeís. (Uma vez mais, se fosse sua intençao impor algo, dúvido que a crónica começasse desta forma.)
[Nem vou sequer entrar pela biologia da coisa...creio que ela existe, e tu já sabes o que penso. Mas, assinale-se que mesmo a biologia não é dogmática ou 100% universal; admite a evolução, refutação e, inconformada, também procura sempre explicações.]
Mas numa coisa concordo ABSOLUTAMENTE contigo Inês: aceitemo-nos como cada um é. Ainda que nem sempre tal seja fácil.
Ufa, que estou cansado! lol
Beijinho
Na 5ªlinha do 2ºparágrafo leia-se "pouco há a(des)dizer/(des)fazer".
Enviar um comentário