29 outubro 2008

Cientistas em saldos

"Sabia que há cientistas que ganham 745 euros?
Que não têm direito a subsídio de desemprego, férias, Natal ou alimentação?
Que não são aumentados há seis anos?
Está naturalmente curioso de saber em que país, mas estou certo de que já adivinhou."


















"São os bolseiros de investigação científica! Uma designação infeliz para os jovens (e menos jovens) investigadores, pois classifica-os pelo tipo de regime contratual com que exercem funções, secundarizando a natureza da actividade (investigação). Faz tanto sentido como descrever um juiz como um "assalariado da justiça". Os bolseiros podem-se distinguir segundo o tipo de bolsa que têm. Os BIC (bolsa de investigação científica) são licenciados e, independentemente da sua experiência ou competências, ganham 745 euros. Os BD (bolsa de doutoramento) têm em geral um excelente percurso académico e científico (não é fácil ganhar a bolsa!), são investigadores experientes e motivados, ganham 980 euros. O mesmo valor desde 2002, o que representa face à inflação acumulada uma perda de 18 por cento do poder de compra.
(...)
Pode-se argumentar que os bolseiros "estão em formação" e que "já é uma sorte estarem a ser pagos". Mas trata-se de adultos (uma licenciatura não se acaba antes dos 22-23 anos) com contas para pagar e legítimo direito à emancipação (ou um cientista tem que viver em casa dos pais?).
(...)
Creio que seria de todo justo e adequado que os cientistas e investigadores estabelecidos tomassem pública e politicamente o partido dos jovens investigadores. A alternativa é continuar o choradinho da fuga de cérebros. Não há fuga de cérebros. Há expulsão de cérebros. "

Texto integral de David Marçal no site do Público AQUI


É uma vergonha!!!
E governos e mais governos a falar de ciência, de tecnologia, de inovação, de progresso e competitividade.
Desculpem, mas até me dá vómitos.

1 comentário:

Nuno disse...

Isto preocupa-me sinceramente... com o meu futuro a passar por aí, é um tema que me vai ocupando cada vez mais espaço no pensamento. E há alguma coisa a fazer? Ou se "foge" ou se é extremamente apaixonado pela ciência e revoltados habituamo-nos à ideia, encarando o resto como efeitos secundários.
Se é possível resistir ou não, só com o tempo saberei. Mas por alguma razão 90% dos jovens investigadores desistem desse seu sonho...