09 junho 2011

Admirável mundo novo

Tanto tenho ouvido, desiludida, a palavra "Mudar"
(mudar o quê, para quê? para onde... se é certo que é para pior.)
Triste destas eleições.



Resolvi ler "Admirável mundo novo", Aldous Huxley.
O livro veio parar às minhas mãos sem a menor intenção.
Deitei-me a ler num dia de enxaqueca. Forte. Tão forte que a TV me seria insuportável, e logo ela sempre a matraquear "mudar", "pagar", "sacrifícios", "dificuldades".

Pus os óculos escuros. Comecei a ler. Em 3 vezes o li.
Não é novidade para ninguém que esse livro escrito em 1932 é futurista e estranhamente actual.
Mas espantei-me. Indignei-me. É que no livro fala de "chefes políticos e o seu exército de directores que terão o controlo de uma população de escravos que será inútil constranger, pois todos eles terão amor à sua servidão"

Irritei-me. Porque não andamos muito longe disso. O discurso é "vencer", é "mudar de vida", é "confiança nos portugueses". E assim, esperam que nós nos orgulhemos, que sintamos paixão e fervor por estes "necessários, imprescindíveis" sacrifícios.

RAIOS PARTAM OS SACRIFÍCIOS e todas essas barrigas gordas que eles vão encher!!!!
RAIOS PARTAM essa falta de política e de visão económica. Estou farta de tanta mentira!

No livro também se fala muito em "estabilidade". Reconhecem??
Dizem que a verdade, a beleza, a ciência, a paixão, são tudo coisas que causam instabilidade. Tudo coisas a fazer desaparecer da face da terra. O que importa é a "felicidade", o "conforto". Não se remenda, compra-se novo! Não se anseia, não se procura, não se chora, não se adoece, tem-se facilmente o que nos deixam e condicionam a desejar.

"- Mas os inconvenientes agradam-me.
- Mas não a nós - volveu o Administrador. - Nós preferimos fazer as coisas com todo o conforto.
- Mas eu não quero conforto. Quero Deus, quero a poesia, quero o autêntico perigo, quero a liberdade, quero a bondade, quero o pecado."


Eu também quero.

1 comentário:

Anónimo disse...

EU TAMBÉM QUERO!

mana