20 março 2008

A verdade.



Não me apetece falar da “verdade” que cada pessoa acha que traz consigo, que consegue ver no seu caminho, que torna, por vezes, estranhos e até distantes os caminhos e escolhas dos outros. Não adianta, com maior ou menor intensidade todos achamos que a sabemos… embora quanto mais pessoas soubermos conhecer maior é tendência para nos apercebermos que o nosso jeito é nosso, e é apenas por isso que nos é querido, de resto… há muitos e fascinantes jeitos de viver.

Apetece-me falar de verdade mesmo. Do dizer a verdade, do falar ou mostrar o que somos e o que sentimos exactamente como é. Penso nisso todos os dias. Não mostrar nem mais, nem menos. Não descrever nem mais nem menos (Sempre me zanguei em silêncio com as pessoas que fantasiam e exageram na descrição de acontecimentos que presenciei, de sentimentos que conheço. Sempre sofri inquieta as explicações demasiado rápidas e secas de coisas que são interessantes). Apenas como é, com verdade. Pode ser mau, pode ser feio, pode ser assustador… mas se for a verdade, como aguentar viver em mentira? São as histórias que mais me angustiam… pessoas que vivem com o peso de uma mentira ou de uma omissão (que neste sentido é mentira na mesma, se nos fizer viver qualquer coisa que não somos nós). E como vivem as pessoas com este peso com as pessoas que mais querem?
Nada melhor do que olhar no fundo dos olhos de alguém e saber que dali só virá verdade, não perfeição, apenas verdade.
O que somos. O que vivemos. O que queremos. O que sentimos.
Nem de mais. Nem de menos. Apenas na exacta medida do que somos.


A verdade é que já tentei com muita força não viver assim mas não consigo... estoira sempre e bem rápido!

Fotografia: Elliott Erwitt

1 comentário:

Rosa Negra disse...

E podemos finalmente sentir o alívio e a leveza. Sermos aceites (ou não) pelo que somos. Mas em qualquer dos casos sabermos que é a verdade.